Um dia para se quebrar.
Vaga lembrança de um olhar. Moça sem rumo, moça dos
cabelos grisalhos e voz gentil, dona dos olhares imaturos. Olhinhos com
cores de mel, desabotoado dentro da desesperança em si mesma.
Querida despedida aqui esta “Até algumas horas” pouco tempo para que seja lida. Qualquer carta em branco, compreendida por qualquer vagão dentro dessas mentes hipócritas. Quem será capaz de dar as saudosas misericórdias da minha alma? Alegrias duram pouco, tristeza é parasita dentro de qualquer coração incompreendido.
Preciso de sentimentos ásperos, que me consomem por
dentro e me faça vomitá-los para fora. Preciso de frases pesadas para
curar-me dos clichês que inventei para mim. Curar-me de mim mesma, curar
de alguém que (des)fui, comecei e abandonei trilhões de vezes.
Não é escrever que alivia, é escrever que dói. Dói
escrever. É encarar, é ver a verdade sendo expulsa para fora… Não quero
vê-la, não quero lê-la. Não quero encarar alguém que não pedi para ser.
Quem é essa hospedeira afinal? Quem é essa garota que se habitou em
mim? Quem é você que fala tanto e no silêncio se torna um livro? Quem é
você que não diz nada e já me diz tanto?
Está aberto um convite, seja meu medo. Seja meu
subúrbio desespero. Aceite esse convite hospedeiro e seja minha vida
enquanto existirem clichês, seja meu enquanto eu não esgotar. Aceite e
não pergunte o porquê, só me pegue para você e deixa que os laços sejam
costurados.
Seja dono do meu corpo, seja dono dos lábios entrelaçados, seja dono das inspirações e póstumo desse ser que não sei que é.
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