Então me embarco nos teus trilhos, passeio entre teus vagões e
os amos sem infinitos. Amo sem futuros. O céu estava azul e límpido e
meus pequenos olhos se abrem em tamanha doçura e pureza. As nuvens são
feitas de algodão doce – Quero devorá-las; Sem medo do infinito e do ar
que ira tomar meu oxigênio, meu corpo chama-se para mergulhar entre este
céu, quero pular para fora destes trilhos. O trem, porém ainda percorre
o infinito mar azul do céu. Procuro meu amor entre as estrelas que não
chegaram neste passeio. O trem embarca nos vagões musicais. Um cara um
tanto magro possui uma bandana vermelha na cabeça, um sorriso amigável e
inspirador chocam-se entre as janelas e se explode tornando-se frases
de âmagos. “Adoro um amor inventado”; Não! Meus olhos se transformaram em grandes livros, e o vagão de Cazuza espalhava intenções de falsos amores. “Prendia o choro e aguava o bom do amor”
- O Teu amor é uma mentira que minha vaidade quer. – Era essa a placa das nuvens de cazuza.
Eu largo tudo, tudo o que não tenho e o que ainda posso ter
apenas para ser a tua mentira. Eu largo o que sou e o que desejei ser
para fazer parte da tua ilusão. Construo-te em letras e, todavia você
ainda será meu. Preciso viver para ter você, preciso antes de tudo ter
uma estrela para dar-lhe de presente. Roubar a noite inteira só para
impressionar-te. Fazer a lua brilhar sobre tua janela, gravada nossos
nomes e meu beijo batendo em teus vidros.
A noite cai, e as estrelas sorriem como se nunca houvesse
brilhado em outrem. Flutuo sobre o céu, mal consigo me equilibrar. Se
não houvesse o brilho das estrelas, só restaria a escuridão que as
abriga em tuas costas. O infinito escuro do interior de uma beleza!
Beijo cada estrela na esperança que alguma seja tão grande e
brilhante como meu amor por tal rapaz. Uma linda e feliz Estrela. A mais
ousada e pura de todos os céus. Como um anel de diamantes, procurei
cada uma, todavia ninguém me disse que as estrelas eram egoístas em
dar-se amor, as estrelas disseram que meu amor era simples demais.
Estava à beira de ir embora de tanta tristeza que meu peito se
formou, meus olhos caídos sobre a escuridão, aguardava o último trem
para casa. Foi quando eu a vi, distante de todas elas, uma constelação –
estranha e um tanto tristonha.
- Por que esta tão triste? - Perguntei simpática para um delas.
- Não encontrei um amor que me faça brilhar. E você, por que teu peito chora tanto?
- Todas as estrelas desta constelação me negaram brilhar para meu amor.
Procurei em cada vagão, mas nenhuma dela quis compreender sentimento
brutal que sinto. Procurei em nuvens de Cajú até á grandes escuridões do
céu uma expectativa para meu grande amor. Em vão, foi apenas o cair da
noite chegar, para ouvir que o amor era simples para teus brilhos.
-
Não deseje o maior se o simples poderá lhe agradar mais, não se
apaixone pela aparência, se o que estas do seu lado podem servir para
teu grande útil.
- E agora Estrela? Vou embora sem brilho para meu amor…
- Ei, não ofenda-se. Mas você poderia medir teu amor?
-
Como pode me pedir algo assim? – retruquei chateada – Ofendo-me sim,
com toda certeza. Meu amor é grande demais, e agora vejo que estas
estrelas chegam a ser miúdas para meu amor, ele é tão estranho e lindo
que chega a arder, arder como um veneno que me mata todos os dias.
- Então, se machuca tanto me entregue teu amor? -
Como pode pedir isto? – meu peito se agonizou – Você sem duvidas é a
estrela mais egoísta deste lugar. Como pode pedir para dar-lhe o ar que
me mantém viva? Saiba que dói, mas é a dor mais linda que já senti. É o
meu clichê, meu. Tu queres matar-me com teus absurdos de inveja? Saiba
que tua inveja não serás suficiente para assassinar o que sinto por este
rapaz.
Então ouve uma explosão de luz do céu. Meus olhos arderam e
aquela luz queimava a pele. Então tudo foi clareando-se e o céu apagou a
escuridão, então a constelação sorriu para mim. A Estrela se tornou a
mais brilhante daquela noite. O céu ficou límpido e iluminado com teu
brilho, e todas as outras estrelas a olharam com desprezo e raiva.
- Não quero que meça teu amor, muito menos que o me dê. Você
provou-me que teu amor não tem infinitos, que teu peito chora de
felicidades quando o ama. Aurora brilhou quando permitiu-me que o
sentisse também. Agora sou teu amor, sou brilhante e pura como o
sentimento que te mantêm viva. Abandono minha constelação e me leve para
o teu rapaz. Prometo que vou brilhar teus corações quando deixarem que o
amor chore e os monótonos os envenenem.
Eu quero céu, sol, cio, sal e sim!
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