Escrevo para quem não lê. Escrevo para os desconhecidos que não desejam
minhas palavras, para as pessoas que queria que as lesse para as que
desconhecem da minha paixão. Escrevo para acabar com a dor que ainda
esquecida continua me assombrar uma vez ou outra. Escrevo para o
desenreda de mim mesma. Para as perguntas mal respondidas, para as
pessoas que não permitir esquecer. Os olhos verdes tão vendadas eu fui
ao longo desses anos, que me prendi a minha ingenuidade.
E eu
fugi de você Alfredo, fugi por que não pude encarar a paixão que sentia.
A estranha sensação de guardá-lo, de ganha-lo com um prêmio. Esqueci-me
que era gente, carne e razão como eu. Era confuso demais para entender…
Perceber que todos os livros de poemas, as músicas fáceis e belas eram
apenas mais uma fantasia que criei para ti. Desculpa-me Alfredo por ter
errado tanto comigo mesmo em relação a essa paixão. Eu precisei de
alguém para esquecer os olhos do Miguel. Sofri, dói em tempo e tempo,
pensando que nunca haveria sido boa o bastante, que meus sentimentos não
foram suficientes, eu precisei sofrer dentro do tempo para que uma hora
eu olhasse para trás e questionasse tudo… Tudo o que outrara passou,
para perceber que era o amor mais estranho, mais meigo e falso que já
senti. Então toda a pedra da mente se foi e me fez entender que esse
alguém que antes de Miguel, antes de qualquer olhos bonitos esqueci quem
eu era. Esqueci até perceber que não foi essa garota que se apaixonou
por vocês. Foi à carência dela, foram à desilusão, a expectativa, as
ilusões dos livros que a fizeram se apaixonar por palavras bondosas e
amigas. Então Miguel foi só um platônico que roubou suspiros e nunca
soube dessa paixão que a matou em tantos sonhos, e Alfredo… Ah Alfredo
sempre será Alfredo. O cara que lhe dar sorrisos, raivas e uma amizade
estranha.
Então entendo que todas as palavras que desperdicei
toda a inspiração para todos os textos de paixões foram à maior mentira
que inventei para mim mesma. Foi à mentira que eu queria viver, a
mentira que nunca pertenceu a sentimento verdadeiro. Foi apenas a
solidão, e a doença que a carência se pregou em mim. Por que fantasiar
teus olhos era muito mais fácil que encarar o mundo, o platônico me
protegia de amar quem não entenderia meus escapismos.
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