Deixa-me ser vaga. Deixa-me errar e machucar-me.
Deixa-me viver como deve ser vivido, mesmo que eu preciso carregar nas
costas os arrependimentos, as armas de crime, todas as palavras que
matei, toda mudez que permitir ser. Perdoa-me por ser tão assassina. É
que todos esses anos não me deixaram dizer. Não quiseram escutar. Levar
um tapa na cara ou uma culpa era mais fácil que ouvir-me. Nunca se
tratou sobre mim, nunca foi sobre minha mágoa, afinal, quem haveria de
se importar. E depois de tanto tempo eu não penso que ninguém me
entenda, não quero ser compreendida, muito menos escutada. (Acostumei
ser assim)
Estou cheia dessas coisas: respostas curtas e sem sentido.
Por anos eu necessitei das palavras pra viver, necessitei escrever para transbordar todo rio que abrigava dentro desse peito… E você, o secou, acabou com meu silêncio, trancafiou-me dentro de sua caixa, deixou-me secar, virar-me deserto. O que sou eu, afinal? Até uma incógnita tem um significado, tornei-me menor que isso; Pois a única coisa que me mantinha inspirada, tu mostraste-me que também não sou capaz de fazer. Sou mais um nada, mais alguém do SISTEMA, alguém que completa o mundo.
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