Eu disse que as coisas iam ser mais fáceis quando toda resido de dor que havia ficado em mim houvesse sumido. Pois lá no fundo, havia tua sujeira. A sujeira pessoal, a sujeira que tive preguiça de limpar, que guardei por debaixo do coração. Só que tava tudo muito frio aqui, o vento soprou forte demais e se espalhou novamente. E os residos voltaram, só que mais incômodos.
Se um dia eu não permiti dizer tudo o que queria, foi por que a carne tava machucada demais, tinha pouco eu e muita dor. Muito do que não me pertencia, do que não devia ser meu. Estreguei-me tão fácil a alguém, que parecia mais uma parede, parada e calada. E eu fui sentindo, pregando nela tudo o que eu ilusionava e sonhava. Mas a parede não se movia, não fazia nada.
Fechei os olhos por que a minha ilusão sentia você ali, logo em minha frente. Só que essa parede estava entre nós. Eu aqui e você do outro lado. E não é fácil demolir uma parede, uma sustentabilidade da sua moradia. - Ta entendendo? - Não dá pra arrancar de você, o que nunca foi meu, de um lugar onde eu sou só visitante, sou só uma expectativa, que vai ser substituída por outra e outras.
A parede. Onde ela está agora? Precisei tanto ir embora, e fingir que ela nunca existiu, que quando eu alto me convenci que esse foi meu erro. Ela já estava pintada novamente, com outras cores e gesos. Desculpe por comparar-lhe como uma parede. - Irônico não? Mas, são tantas e milhares de paredes que nós separa… Na verdade, me separa cada vez de você.
Não quero com isso dizer que você não teve o direito de pinta-la e borda-la da forma que queria. Afinal, nunca soube que eu estava aqui do outro lado, de verdade, querendo ser olhada entre teus olhinhos cor de mel… Você simplesmente nunca soube querer atravessar a porta que nos trancava um do outro. Nunca atreveu-se arriscar.
A culpa foi da minha cegueira, da minha mania de dar e esperar que alguém seja capaz de retribui.
Sou pequena demais, sou minuscula. Olha aí, eu deveria tantas vezes te guardado num saco de lixo todo esse furacão de sentimentos e jogado fora, mas preferi levando, varrendo, guardando em um canto. Até a poeira voar por todos os ares. Por onde começo? Passado deveria ficar lá trás, nas costas. É tão difícil deixar de me prender a ele, e perceber que nada daquilo virá comigo… Nada daquilo seria meu para sempre. É, preciso tomar coragem e dar o primeiro passo. Erros são feitos para serem aprendidos. E confundi demais todos eles, erros com acertos, e tantos acertos foram eufemismo demais. A dor que sobrou, o que faço com ela parede?
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