20 de mar. de 2012

Se parede amasse...


Eu disse que as coisas iam ser mais fáceis quando toda resido de dor que havia ficado em mim houvesse sumido. Pois lá no fundo, havia tua sujeira. A sujeira pessoal, a sujeira que tive preguiça de limpar, que guardei por debaixo do coração. Só que tava tudo muito frio aqui, o vento soprou forte demais e se espalhou novamente. E os residos voltaram, só que mais incômodos. 
Se um dia eu não permiti dizer tudo o que queria, foi por que a carne tava machucada demais, tinha pouco eu e muita dor. Muito do que não me pertencia, do que não devia ser meu. Estreguei-me tão fácil a alguém, que parecia mais uma parede, parada e calada. E eu fui sentindo, pregando nela tudo o que eu ilusionava e sonhava. Mas a parede não se movia, não fazia nada. 
Fechei os olhos por que a minha ilusão sentia você ali, logo em minha frente. Só que essa parede estava entre nós. Eu aqui e você do outro lado. E não é fácil demolir uma parede, uma sustentabilidade da sua moradia. - Ta entendendo? - Não dá pra arrancar de você, o que nunca foi meu, de um lugar onde eu sou só visitante, sou só uma expectativa, que vai ser substituída por outra e outras.
A parede. Onde ela está agora? Precisei tanto ir embora, e fingir que ela nunca existiu, que quando eu alto me convenci que esse foi meu erro. Ela já estava pintada novamente, com outras cores e gesos. Desculpe por comparar-lhe como uma parede. - Irônico não? Mas, são tantas e milhares de paredes que nós separa… Na verdade, me separa cada vez de você. 
Não quero com isso dizer que você não teve o direito de pinta-la e borda-la da forma que queria. Afinal, nunca soube que eu estava aqui do outro lado, de verdade, querendo ser olhada entre teus olhinhos cor de mel… Você simplesmente nunca soube querer atravessar a porta que nos trancava um do outro. Nunca atreveu-se arriscar.
A culpa foi da minha cegueira, da minha mania de dar e esperar que alguém seja capaz de retribui. 
Sou pequena demais, sou minuscula. Olha aí, eu deveria tantas vezes te guardado num saco de lixo todo esse furacão de sentimentos e jogado fora, mas preferi levando, varrendo, guardando em um canto. Até a poeira voar por todos os ares. Por onde começo? Passado deveria ficar lá trás, nas costas. É tão difícil deixar de me prender a ele, e perceber que nada daquilo virá comigo… Nada daquilo seria meu para sempre. É, preciso tomar coragem e dar o primeiro passo. Erros são feitos para serem aprendidos. E confundi demais todos eles, erros com acertos, e tantos acertos foram eufemismo demais. A dor que sobrou, o que faço com ela parede?
 

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