20 de mar. de 2012

Anjo da Morte


“Era 28 de novembro. Sua morte havia sido declarada. O vento gritava, e batia sobre a janela velha de ferro e rugia com seu som grave deixando o quarto nebuloso; a lua cheia iluminava o céu, e batia seu reflexo nas grandes cortinas de veludo preto, iluminando uma pequena brecha da cama. A coruja cantava entre as arvores, o anjo da morte soava o velório da “garota de sonhos”. O corpo estava ali, mas a alma vagava entre o bosque escuro, encontrando saída do pesadelo. O corpo com cicatrizes das dores, dormia com serenidade, quase não puderá dizer que ele foi membro de tantas idas e vindas. Os cachos castanhos estavam espalhados entre os travesseiros, a roupa era branca como os lenções. As unhas eram pintadas de preto, e seus pés com sapatilha de vida, escondia as feridas. Tão cansados de caminhar deixou a vida acontecer, deixou ela empurra-la a onde queria.  
Toda uma vida perdida, toda uma censura exposta. Todo amor invalido e dor sobre qualquer vagão das cidades. Morrer é um alivio. Um alivio por não sentir mais dor.
Amanhã, será apenas amanhã. Alguém disse que morrer hoje significa já aceitar assim que o sol nascer novamente. E a vida vai seguir. Egoísmo. Quero que doa em todos que fizeram doer. Sou Tyto Alba, sou uma mensageira. Morri para ensinar o simples.
Viva, não jogue todos as inspirações para cima, por que o amor fez ninho de borboletas em seu estômago. Viva, sem ou com amor. Não é dele que a vida é feita. Momentos são as memórias que não hão de passar. Ou você vive ou morre, por que se deixar a solidão entrar em sua moradia, entrarei com ela debaixo de tuas saias, e levarei você comigo. Sou coruja, durmo sobre a luz e sobrevoo janelas a noite”

Nenhum comentário:

Postar um comentário