14 de fev. de 2012

Solidão, tem gosto?

A chuva que caí lá fora é a mesma que sempre me prende a pensar na vida, e nos objetivos que tanto anseio. Leva-me de volta a solidão, onde tudo parece pouco, onde nada parece bom o bastante.

Consigo sentir-me sufocada, sem encaixes dentro desta casa. Tudo que vejo atrás de mim são minhas ruínas, meus segredos, meu grande diário, e narrador de tudo que vivi, meu quarto. É este quarto de tintas desbotadas e cheirando a mofo que tento me livrar, que tento fugir. Sento-me na janela do segundo andar, e a minha frente à neblina parece melhor… Os meus pés alguns centímetros do chão, pede-se para aterrissar sobre ele e correr, correr para bem longe deste mundo que me habituei a viver. E olho para o céu nublado, o céu que sem nenhuma estrela, parece triste, assim como eu esta noite. Com apenas um vestido, sinto o vento bater brutalmente em mim, levantando para o alto alguns fios do meu cabelo amarrando em um rabo de cavalo.

O horizonte não tinha nada de belo, apenas prédios e mais prédios, casas bonitas e favelas, algumas árvores sem vida e um enorme terreno abandonado. Eu sempre me vejo olhando aquele lugar, do alto do meu quarto. Ele é frio, solitário, assustador e de certa forma tem sabor de amargo. Quase me completa quando o olho, quase torno-me parte dele. Aquele lugar parece ser um ótimo vazio para se tornar tudo, aquele lugar estranhamente me chama para perto, como se finalmente estivesse encontrado a parte da minha tristeza perdida.

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